A BANCA QUE NINGUÉM
QUER BANCAR
Há anos, o único sebista de Colatina luta
para conseguir a sua banca de sebos
Cobrinha: anos de luta por uma banca padrão. |
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Um
dos mais antigos jornaleiros de Colatina, Alcides Scarpati, o Cobrinha, 60, começou
na profissão muito cedo, em 1974, aos 11 anos de idade. Nesses quase 50 anos,
Cobrinha não conheceu outro ofício. E apesar do tempo dedicado à profissão, até
hoje o jornaleiro não conseguiu ter a sua própria banca padrão, 4m x 2m.
Segundo
Cobrinha, todos os jornaleiros da cidade foram contemplados com uma banca padrão
em troca de publicidade em painéis laterais e frontal por uma conhecida empresa
de telefonia. Ele se diz discriminado por ter sido o único entre esses jornaleiros
a não conseguir a banca, mesmo solicitando à empresa por várias vezes.
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Em
2011, Cobrinha conseguiu uma pequena banca, doada por uma empresa de
comunicação do estado, e se instalou na avenida Delta, no Centro, onde está até
hoje. Com a queda nas vendas de revistas e jornais impressos, Cobrinha passou a
diversificar os produtos comercializados em sua banca 'provisória’.
Hoje,
transformou o seu pequeno espaço em um quase amontoado de livros, entre
romances e literatura brasileira, discos de vinil, fitas VHS e até pen-drives
com milhares de músicas gravadas. Cobrinha diz que os discos são o carro-chefe
das vendas, ainda que os livros também tenham uma boa procura, segundo ele.
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Conhecimento
A
estudante do segundo período do curso de Direito do Unesc, Beatriz Dalmann
Lopes,18, assídua frequentadora da Banca do Cobrinha, destaca a importância do
trabalho do jornaleiro para a cultura da cidade. Para ela, uma banca maior,
mais arrumada e com melhor visibilidade fará com que a cidade tenha um ganho
cultural maior.
“Como
diz meu pai, ‘o conhecimento nos liberta, é algo que ninguém pode nos tirar’.
Dessa maneira, é importante sempre buscarmos ter entendimento dos assuntos
atuais e também da nossa essência cultural, é fundamental para a formação
acadêmica no geral. Dessa forma, o sebo proporciona isso para as pessoas”, diz
Beatriz
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Não
é apenas para conseguir uma banca padrão que Alcides Scarpati luta há vários anos.
Portador da Doença de Best, uma enfermidade ocular incurável, também conhecida
pelo nome de distrofia macular viteliforme, que ele descobriu há quase 30 anos,
Cobrinha vem lutando junto ao INSS para conseguir a aposentadoria, seja por
tempo de trabalho, seja por invalidez.
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“Essa
doença faz com que a visão frontal vá se fechando ao longo do tempo, e eu já
tenho muita dificuldade para enxergar. Além disso, luto para que o INSS
reconheça o período desde 1974 em que eu já trabalhava”, diz.
Criador
do sebo em Colatina, Cobrinha não se lembra de quantas entrevistas deu nos
últimos anos sobre a necessidade de conseguir uma banca padrão, mas tem
esperança de que, um dia, seu desejo acabe atendido. “Seja por doação, seja na
base da permuta com uma empresa forte em troca de exclusividade na propaganda,
eu tenho esperança de, em breve, conseguir minha banca”, encerra Cobrinha.
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