MUSEU IMPROVISADO
Em Colatina, barbeiro expõe objetos antigos e
mantém salão com ares de décadas passadas
Waldir Queirós faz questão de manter algumas tradições no seu ofício. Fotos OPC Jornal |
O gosto pelo ofício de barbeiro teve início bem cedo, na pós-adolescência, quando ele começou a ensaiar na profissão dando aquele jeitinho no cabelo de seus irmãos, fazendo um pezinho aqui, cortando uma franja ali... E olha que irmãos não faltavam. De uma família de 12 filhos, 9 homens e 3 mulheres, Waldir Queirós, após os 18 anos, nunca mais abandonou o metiê.
Por Guilherme Augusto Zacharias
Nascido na pequena cidade mineira de São José do Jacuri, na região do Vale do Rio Doce, Queirós conta que teve uma educação familiar rígida, aprendendo a respeitar os ensinamentos dos mais velhos, valorizando os bons conselhos e, mais tarde, usando esses princípios para nortear, sobretudo, sua vida profissional. “É possível que a minha paixão por coisas do passado venha daí, dessa valorização dos ensinamentos dos meus pais e das pessoas mais velhas com quem convivi, aprendi e sempre fiz questão de respeitar”, diz.
O seu salão, o Waldir Barber Shop, onde Queirós está há 17 anos, fica bem no Centro de Colatina, próximo à Caixa Econômica Federal (CEF), e quando a gente chega, tem a impressão de ter voltado no tempo. Por todos os lados, quadros de barbearias antigas de alguns lugares da Europa e Estados Unidos, fotos de carros antigos, bicicleta ano 1975, rádios fabricados em diferentes décadas, moedor de carne, bule e xícaras ‘da roça’, geladeira marca General Eletric Luxo, fabricada lá pelos idos dos anos 1970... E até uma cristaleira, claro, também com seus quase 60 anos, repleta dos mais variados objetos antigos.
Em várias partes do mundo, o ofício de barbeiro serve de inspiração e orgulho para Queirós. |
A maioria dos objetos vão chegando pelas mãos de pessoas amigas e clientes de Waldir, que sabem que ali as doações serão bem-vindas e terão um cantinho para ficarem expostas.
No Waldir Barber Shop, o ambiente remete ao passado. |
Para completar o ambiente conservador, Waldir, como nos primórdios, corta o cabelo da sua freguesia usando apenas a tesoura, salvo se o freguês pedir que o corte seja à máquina. “Esse também é um aspecto que faço questão de manter aqui, para preservar a tradição; foi assim que eu aprendi ainda na roça”, revela.
Inúmeros objetos, pequenos, médios e grandes, fazem parte do acervo do salão de Waldir. |
No final, o conservadorismo de Waldir Queirós ficou ainda mais evidente: ao terminar a entrevista, pedi ao entrevistado que me passasse o número do seu WhatsApp, para que eu pudesse enviar o link do OPC Jornal para ele. “Eu não uso Internet, anote no papelzinho pra mim”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário